Culpar os outros pelos seus problemas é uma completa perda de tempo. Quando você faz isso, você não aprende nada.
Você não consegue crescer e nãoconegue amadurecer. Assim, você não pode melhorar sua vida.
Nas minhas três décadas como professor e psicólogo clínico, aprendi que há duas atitudes fundamentais em relação à vida e às suas tristezas. Os com a primeira atitude culpam o mundo. Os com a segunda perguntam o que poderiam fazer de forma diferente.
Imagine um casal à beira do divórcio. Eles estão feridos e com raiva. O infeliz e amargo marido relembra as terríveis coisas que sua esposa fez e as razões pelas quais não consegue mais viver com ela.
A esposa atormentada e desiludida, por sua vez, pode descrever todos os modos como o marido a decepcionou. Cada um tem uma longa lista de mudanças necessárias – para a outra pessoa.
Suas perspectivas de reconciliação são sombrias. Por quê? Porque as outras pessoas não são o problema. Você é o problema. Você não pode mudar as outras pessoas, mas pode mudar a si mesmo. Mas é difícil. É preciso coragem para mudar. E é preciso disciplina. É muito mais fácil – e muito mais gratificante para seus desejos mais básicos – culpar alguém pela sua infelicidade.
Considere o jovem ativista, fazendo uma “declaração” contra o sistema capitalista “corrupto”, destruindo a fachada de uma empresa local. O que ele fez, além de trazer danos a pessoas que não têm nada a ver com seus problemas reais?
A culpa, a dúvida e a vergonha que ele, inevitavelmente, sentirá como consequência, terão que ser suprimidas para que suas crenças permaneçam inalteradas. E essa supressão não fará nada além de fomentar sua raiva e alienação.
Na peça “The Cocktail Party”, do poeta americano-inglês TS Eliot, um dos personagens está tendo muita dificuldade com isso. Ela fala ao seu psiquiatra de sua profunda infelicidade. Ela diz a ele que ela espera que seu sofrimento seja tudo culpa dela.
Surpreendido, o psiquiatra pergunta por quê. Porque, ela diz a ele, se é culpa dela, ela pode fazer algo a respeito. Se é da natureza do mundo, no entanto, ela está condenada. Ela não pode mudar todo o resto. Mas ela poderia mudar a si mesma.
Agora, há pessoas que parecem estar presas a um terrível destino. Mas a maioria não está. A maioria das pessoas tem a chance de melhorar sua vida.
Mas como?
Comece com pouco. Faça a si mesmo algumas perguntas: Você aproveitou ao máximo as oportunidades oferecidas a você? Você está trabalhando em sua plena capacidade na escola ou no trabalho? Você, em outras palavras, colocou sua própria casa em ordem?
Se a resposta for não, tente isto: pare de fazer o que você sabe estar errado. Pare hoje.
Não perca tempo perguntando como você sabe que o que está fazendo está errado.
O questionamento inoportuno pode confundir sem esclarecer e desviar você da ação. Você pode saber que algo está certo ou errado sem saber por quê.
Comece a prestar atenção: você procrastina, aparece tarde, gasta dinheiro que não tem e bebe mais do que deveria?
Não é uma questão de aceitar alguma moralidade imposta externamente. É um diálogo com sua própria consciência. O que você está fazendo de errado, sob sua própria perspectiva? O que você poderia corrigir – imediatamente?
Comece a ir para o trabalhar na hora.. Pare de interromper as pessoas. Faça as pazes com seus irmãos e seus pais. Diligentemente utilize tudo o que você já tem em mãos. Se você fizer essas coisas, sua vida irá melhorar. Você se tornará mais pacífico, produtivo e desejável.
Depois de alguns dias, semanas ou meses de esforço atento, sua mente ficará limpa. Sua vida se tornará menos trágica e você se tornará mais confiante. Você começará a distinguir o certo do errado de forma mais clara. O caminho à sua frente brilhará mais intensamente. Você vai parar de ficar no seu próprio caminho. Em vez de trazer problemas para você, sua família e sua sociedade, você será uma força positiva e confiável.
Sua vida ainda será difícil. Você ainda vai sofrer. Esse é o preço de se estar vivo. Mas talvez você se torne forte o suficiente para aceitar esse fardo e, dessa forma, venha a atuar nobremente e com propósito.
A maneira correta de consertar o mundo não é consertando o mundo. Não há razão para supor que você esteja preparado para essa tarefa. Mas você pode consertar a si mesmo. Você não fará mal a ninguém fazendo isso.
E dessa maneira, pelo menos, você fará do mundo um lugar melhor.
Sou Jordan Peterson, professor de psicologia na Universidade de Toronto, para a Prager University.