Por Peter Olsson. Leia o artigo original no American Thinker.
Durante a campanha presidencial de 2016, fiquei chocado e muitas vezes revoltado com o comportamento verbal e as táticas políticas agressivas e insultantes de Donald Trump. Seus comentários sobre o rosto de Carly Fiorina enfureceram-me e enojaram-me. Às vezes, seus ataques ad hominem aos oponentes políticos iam além da falta de educação. Esses comportamentos foram rotulados como imprevisíveis pelos especialistas.
Como psiquiatra e psicanalista, tomei nota das óbvias preocupações narcísicas de Trump e da insegurança implacável em relação às críticas aaos seus Tweets impulsivos, de ataques e contra-ataques que criaram dilemas do ovo e da galinha da mídia social. Será que os ataques políticos de Trump criaram o ódio dos liberais e da mídia liberal a Trump e seus incipientes ataques de notícias falsas a Trump, ou Trump estava principalmente se afirmando e, com justiça, se defendendo? No longo prazo, tanto Trump quanto a grande mídia pareciam ter prazer e lucrar com o combate. Eles criaram e co-autorizaram um moderno mundo da televisão política norte-americana de proporções imensas. Políticos comuns arrumadinhos, preparados para grupos de discussão, pareciam insípidos e sem cor em comparação a Trump, o valentão ultrajante.
Também notei o comportamento hipomaníaco e o estilo de personalidade de Trump. Minhas primeiras associações sobre Trump foram para Teddy Roosevelt. Como uma personalidade hipomaníaca clássica, Trump parece precisar de pouco sono e demonstra energia e impulso intermináveis.
- O único homem que nunca comete erros é o homem que nunca faz nada.
- É muito melhor ousar coisas poderosas, conquistar triunfos gloriosos, embora cheios de falhas … do que ficar com aqueles pobres espíritos que não desfrutam nem sofrem muito, porque vivem num crepúsculo cinzento que não conhece vitória nem derrota.
Ao contrário de Roosevelt, que lia muitos livros por semana, Trump parecia se orgulhar de seu programa de leitura minimalista.
Com o tempo, no entanto, fiquei fascinado e cada vez mais impressionado com a campanha de sucesso de Trump, apesar de suas táticas políticas descaradamente heterodoxas e seu narcisismo. Eu me lembrei que o narcisismo não é, necessariamente, um palavrão psiquiátrico. O termo psicanalítico para a complexa área do amor-próprio e da dignidade é o narcisismo, ou o setor narcísico de nossa personalidade. É importante notar que o narcisismo não é, necessariamente, sinônimo de egoísmo ou auto-absorção. Em uma personalidade normal, o amor-próprio amadurece e se desenvolve por meio de ansiedades e desafios, assim como a capacidade de amar os outros também tem a oportunidade de crescer e amadurecer.
Foi Sigmund Freud quem primeiro observou que amamos anacliticamente (em relação à mãe que nos alimentou ou ao pai que nos protegeu) ou narcisicamente (em relação ao eu que desejamos ser, ao eu que costumávamos ser, ou em afiliação com outro eu que reflete favoravelmente sobre nós). Anaclítico literalmente significa “apoiar-se”, e refere-se à dependência absoluta de uma criança em relação a sua mãe ou mãe substituta para sua sensação de bem-estar e sobrevivência real. O amor anaclítico é um comportamento normal na primeira infância, mas não na idade adulta. Trump parece ter desenvolvido,
em sua idade adulta, uma forte reação de formação a qualquer elemento de necessidade de amor anaclítico. Trump pode muito bem proteger e nutrir-se, muito obrigado, mães e pais.
O narcisismo não é nem “bom” nem “mau” em si mesmo; uma quantidade apropriada de narcisismo é necessária para a autoestima saudável, empatia e expressão criativa. Narcisismo de mais ou de menos interfere nos relacionamentos da pessoa com os outros: um déficit importante de amor narcísico freqüentemente causa baixa auto-estima e sentimentos de vergonha ou raiva; um excesso está associado à arrogância, ao entitlement* e ao egocentrismo. Quando amadurecemos e individualizamos, (isto é, desenvolvemos nossas próprias personalidades individuais, separadas e distintas de todas as outras), com relativa liberdade, integramos o amor que encontramos em nossas figuras parentais e seguimos em frente em nossos próprios problemas e erros no amor. Trump cometeu muitos erros ao amar, mas apesar de significativa arrogância e egocentrismo, também teve vitórias. Ele, finalmente, encontrou uma mulher notável, talentosa e forte, Melania, para amar e ser amado. Seus filhos são atraentes, talentosos, leais, admiradores e dedicados a Donald Trump.
Na minha opinião, o narcisismo óbvio de Trump é um fio proeminente dentro do complexo novelo de sua notável força do ego e personalidade do tipo A. Um ego forte não é egoísta no uso do senso comum da expressão “ego grande”, mas indica intuição precisa, inteligência de esperteza de rua e discernimento. Forte o suficiente para resistir aos ataques de democratas amargos que nunca pensaram que Trump venceria a presidência. Forte o suficiente para enfrentar o “pântano” da política de Washington,
inimigos professores universitários liberais politicamente corretos, e uma massiva imprensa americana liberal anti-Trump e viciosa. Mesmo sorridentes, os Cavalos de Tróia inimigos do Partido Republicano, como John McCain e Mitt Romney, eram alvos dos tuítes não-presidenciais fulminantes de Trump.
Como Trump disse no início de sua primeira campanha, ele sabe pessoalmente onde todos os corpos políticos estão enterrados em Washington e como o jogo do pântano pague-e-leve é negociado, e como acordos são feitos.
* sentimento daquele que crê que merece ou tem o direito a certos privilégios.