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Por André Porciuncula.

O Ministério da Verdade

Quero que vocês prestem bastante atenção nisto, porque, mesmo não recebendo a atenção midiática que a reforma da previdência tem, esse assunto é infinitamente mais relevante do que um milhão de reformas, pois trata-se da possibilidade do Estado poder controlar ou não a realidade. Trata-se, meus caros, da nossa liberdade de dizer que o céu é azul, a grama é verde e que a verdade existe independente de todas as modernas técnicas de mutilação e enganação.

Senhores, um médico, em São Paulo, acaba de ser condenado a indenizar uma mulher que sofre de um distúrbio mental, e por isso acredita ser um homem. Seu crime?!? Ele se referiu a paciente pelo pronome feminino. Isso mesmo que você está lendo, ele foi condenado a pagar uma pesada multa por danos morais pelo terrível crime e ofensa de usar o pronome feminino para se referir a uma mulher. Entendem toda a dimensão disso? Conseguem alcançar toda a absurdidade do fato? Estou dizendo, senhores, que um burocrata no Estado acabou de condenar um cidadão de nossa pátria pelo simples fato dele usar a linguagem em acordo com a realidade. Uma vez que isso seja aceito, teremos ultrapassado, como sociedade, aquele limite civilizatório que nos impede de sermos jogados numa das salas de tortura do Ministério da Verdade, até que confessemos que dois mais dois não são quatro. Uma vez que essa linha tenha sido rompida tudo mais perde significado, e está instaurada a política pública da insanidade.

Senhores, sei muito bem o tipo de deformação moral e intelectual que é promovida nos pastos das faculdades de Direito no país, mas estamos diante do limiar entre a barbárie e a civilização. Aceitem pacificamente que o Estado possa te obrigar a chamar uma mulher com o pronome masculino e tudo mais estará perdido. Não haverá qualquer limite para o poder despótico dessa infame distopia que é o nosso sistema judiciário. Finja que isso não lhe afeta e aguarde sua vez de ser devidamente disciplinado pela Polícia do Pensamento, quando você não aceitar um “professor” estimulando seu filho a acreditar que é uma mulher. Senhores, não se trata do direito de uma pessoa mentalmente perturbada acreditar em seu delírio, trata-se da possibilidade do Estado nos obrigar (coercitivamente) a acreditar nele. Se o Estado pode nos obrigar a acreditar que um homem é uma mulher, contrariando toda a realidade mesma da vida e os nossos mais essenciais sentidos, o que impedirá, mais na frente, que ele comece a classificar quem é ou não humano? O que impedirá que ele permita e imponha o abate em massa daqueles que ele não credita a condição humana? Meus amigos, estamos diante da possibilidade do Estado violar a mais sagrada de todas as coisas, a realidade. Trata-se, acima de tudo, da liberdade elementar de agir e pensar em conformidade com a realidade, trata-se da nossa sanidade! Deixem isso passar despercebido, sem qualquer manifestação pública de protesto e repúdio, e você não será nada mais do que um escravo.

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Editorial

Colunista do Conselho Internacional de Psicanálise.

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