ENDRE ADY (1877–1919)
Não sou antepassado, herdeiro,
parente, amigo ou companheiro
nem nada de ninguém,
nem nada de ninguém.
Alteza, como todo humano,
sou Cabo Norte, enigma, arcano,
longínquo fogo-fátuo,
longínquo fogo-fátuo.
Mas não aguento mais e quero
que, ao revelar-me sem mistério,
me vejam como sou,
me vejam como sou.
Cante ou me agrida, eis o sentido
de tudo: eu quero ser querido
e ser alguém de alguém
e ser alguém de alguém.