P: Disseram-me recentemente que pareço arrogante e hostil, mas esse feedback veio de uma pessoa muito bem-sucedida que sempre achei arrogante e hostil. Acho que tenho um problema de intimidação com pessoas muito bem-sucedidas ou bonitas. Eu costumo recuar porque não me sinto confortável conversando com elas. Eu também as evito e sou rápido em julgar essas pessoas e encontrar falhas nelas. Eu acho que toda a minha família faz isso. Eles gostam de destruir pessoas arrogantes, ricas ou bonitas. Entretanto isto não é quem eu quero ser. Algum conselho para me ajudar a mudar?
R: Primeiro, entenda que você não está escolhendo esse comportamento conscientemente. Sua programação subconsciente (que você recebeu da sua família e de suas experiências passadas) está fazendo com que você reaja com medo a certas pessoas. O primeiro passo para mudar isso é apenas reconhecê-lo conscientemente quando isso acontece, a partir daí você tem uma escolha.
Uma das minhas coisas favoritas que Viktor Frankl disse foi: “Entre estímulo e reação existe um espaço. Nesse espaço está o nosso poder de escolher nossa reação. Em nossa reação está nosso crescimento e nossa liberdade”.
Tornar-se mais atento e prestar atenção às suas reações, pensamentos e comportamento é algo que exigirá prática e paciência, mas você pode fazê-lo e mudar sua programação. Eu ajudo as pessoas a fazerem isso todos os dias, mas é preciso compromisso e trabalho. Vou dar-lhe alguns princípios e dicas para ajudar você a fazer isso.
Aqui estão alguns princípios do comportamento humano que eu quero que você entenda e observe em si mesmo e nos outros. Quando você entender isso, você entenderá as pessoas e a si mesmo em um novo nível.
Princípio 1: Todos, no planeta, lutam contra o medo do fracasso (medo de não serem bons o suficiente) todos os dias.
Princípio 2: Todos nós projetamos esse medo do fracasso em outras pessoas. Isso significa que geralmente supomos que eles não gostam de nós ou que pensam que também não somos bons o suficiente. No nível subconsciente, temos certeza de que outras pessoas nos vêem tão mal quanto nós nos vemos.
Princípio 3: Os princípios 1 e 2 são apenas perspectivas ou idéias que existem em nossas cabeças. Eles não são reais, mas acreditamos neles e essa crença impulsiona nossas emoções e comportamento.
Princípio 4: Quando acreditamos que não somos bons o suficiente e que outras pessoas não gostam de nós, inconscientemente procuramos falhas nas outras pessoas para que possamos vê-las como piores do que nós. Fazemos isso para nos sentirmos melhor, mas não funciona por muito tempo. No final, não gostamos de nós mesmos por sermos tão imerecedores de ser amados. Quanto mais intimidados nos sentimos em relação a alguém, mais tenderemos a julgar essa pessoa.
Eu chamo esse comportamento de Shame and Blame (porque rima e é fácil de lembrar)(Envergonhe e Culpe). Quanto mais medo do fracasso (vergonha) você tem, mais você subconscientemente critica (culpa) ou encontra falhas nos outros.
Nós podemos ter assistido TV demais, e agora achamos que tem que haver um cara legal e um cara mau em todas as situações. Nós, obviamente, preferimos não ser o cara mau, por isso estamos constantemente à procura de falhas nos outros para que possamos escalá-lo para o pael do cara mau. Nós achamos que se nós pudermos escalar alguém como pior do que nós, isso nos tornaria o bom. Observe esse comportamento em você logo após você cometer um erro ou alguém o criticar e provocar sua vergonha. Sua primeira reação será culpar outra pessoa.
Quando você, subconscientemente, vê a outra pessoa como a pessoa ruim, você também a verá como uma ameaça e não se sentirá segura com ela. Isso pode fazer você recuar, ser hostil ou evitar essas pessoas. Isso acontece, com frequência, com pessoas cujos ativos (aparência, desempenho, dinheiro, carro etc.) desencadeiam seu medo do fracasso, porque você se sente inferior nessas áreas.
Quando você reage a qualquer pessoa com medo, você não é capaz de amar naquele momento (porque você não pode sentir amor e medo ao mesmo tempo). Em um estado de medo, você nunca vai passar por caloroso, amigável ou simpático. Tenho certeza de que isso é o que está acontecendo com você.
Eu vejo esse padrão começando, em muitas pessoas, no ensino médio. Porque você sente que é menos do que as crianças populares, você se sente ameaçado por elas. Por causa disso você não é tão amigável com elas e, portanto, elas não gostam de você e não fazem você parte do grupo deles. A verdade não é que eles não acham que você não é bom o suficiente para eles, a verdade é que você acha que não é bom o suficiente para eles. Sua intimidação faz você se comportar de uma maneira que torna a amizade impossível.
Você pode resolver todos esses problemas mudando a maneira como vê o valor humano, para que você se sinta mais seguro com as pessoas e mostre-se com mais amor. No meu livro “Choosing Clarity” (“Escolhendo a Clareza”), explico exatamente como fazer isso em detalhes, mas vou dar algumas das etapas agora.
1. Torne uma política sua que todos os seres humanos tenham o mesmo valor exato, infinito, absoluto e imutável, não importando sua aparência, desempenho, propriedade ou qualquer outra coisa. Ninguém é melhor ou pior do que ninguém. Nós todos temos o mesmo valor. Tendo isso como sua verdade, você se sentirá seguro o tempo todo. As pessoas podem pensar que você é uma pessoa horrível, estúpida, terrível e feia, mesmo assim isso não mudará seu valor porque seu valor não é modificável. Você é o mesmo, não importa o que alguém pensa. Você tem o mesmo valor, independentemente de sua aparência ou desempenho hoje. Tendo isto como sua verdade, você está seguro, à prova de balas e é in destrutível o o tempo todo. (E você está seguro para estender a mão e ser mais amigável.)
2. Escolha ver os outros da mesma forma como você vê a si próprio. Essas pessoas bonitas, bem-sucedidas, ricas, populares e intimidadoras têm o mesmo valor e os mesmos medos que você tem. Elas estão com medo, debatendo-se com seres humanos em um processo, assim como você. Elas têm os mesmos medos de não ser bons o suficiente (eu juro que elas têm) e querem ser apreciadas e validadas como você. Elas estão, honestamente, esperando que você seja gentil e amigável com elas e elas precisam de confiança também. Não deixe que o medo faça você conter a bondade e o amor para com eles. Veja-os da mesma forma como você vê a si próprio.
3. Seja o amor e bondade em todos os cômodos. Você (literalmente) é o seu amor por si mesmo, pelas pessoas, por Deus e pela vida. O amor é a essência da sua alma e o núcleo do seu ser. Se você se concentrasse apenas em ser o amor (em todos os cômodos) em todos os lugares em que você fosse, o medo do julgamento e do fracasso pararia e você se sentiria fantástico a respeito de si mesmo. Quando você está amando os outros, você está sendo o verdadeiro, o mais elevado e o melhor você. É por isso que você sempre se sente bem quando ama alguém. E não há maneira mais rápida de escapar do seu medo do que escolher se concentrar em dar e amar outra pessoa. O amor é o caminho mais rápido de saída do medo.
Se você quer descobrir a verdadeira profundidade do seu amor e realmente se alongar, concentre-se em amar as pessoas que mais intimidam você ou tendem a julgar mais. Isso não é fácil de fazer, mas você pode fazer isso. Você tem o poder.
Acredito que essas pessoas populares e intimidadoras podem estar em sua vida para ensiná-lo a amar em um nível mais profundo. O trabalho delas em sua sala de aula pode ser desencadear seus medos e mostrar os limites de seu amor e o poder de seu medo. Se você os vir desta maneira (como uma aula sobre amor), você pode enfrentar o desafio e brilhar sobre eles com o seu amor!
Você consegue fazer isso.