A indústria do sofrimento
O sofrimento é o alvará de funcionamento das minorias. É o que confere direitos de militância e de distinção de classes, possibilitando carteiradas em situações de conflito.
O porta-voz de qualquer minoria diz: “Nós sofremos mais do que o resto da sociedade, por isso, precisamos de direitos especiais”.
Desse modo, as minorias simulam lutar por igualdade enquanto lutam por privilégios: vagões especiais em trens e metrôs; cotas dos mais diversos tipos; tipificações jurídicas; indenizações; verbas para suas ONGs; delegacias especiais; maior credibilidade nos tribunais; e o direito obsceno de criticarem sem serem criticados.
Mas prestem atenção nisso: como todos sofrem – pois a vida é cheia de injustiça, traição e dor, e ninguém escapa -, as minorias precisam gritar o tempo todo que elas sofrem muito mais.
As minorias precisam convencer a maioria de que possuem o poder de quantificar o sofrimento e redistribuí-lo no mundo.
E o que as minorias concluíram no exercício desse poder de redistribuição? Que o sofrimento delas é categoria Premium, e o do resto da sociedade é categoria Standart.
Porém, se acabar o sofrimento Premium, acabará a razão de existir das minorias. Por isso, elas criaram o que podemos chamar de a indústria do sofrimento.
O choro e o ranger de dentes precisam ser constantes e desproporcionais às dores sentidas.
É preciso perpetuar o mito do sofrimento especial, mesmo que este já tenha se perdido nas brumas da história, e que o “sofredor” não sofra nem mais, nem menos do que o resto da sociedade a qual pertence.
A politização desse sofrimento Premium é o grande truque dos progressistas: a sociedade precisa se sentir culpada por tratar as minorias de igual para igual.
Não basta respeitá-las, é preciso dignificá-las. “Quem é você pra falar assim comigo? Mais respeito, meu sofrimento é Premium e o seu é Standart”.
Pela ótica do hospício das minorias, também não basta a sociedade condenar a violência contra o ser humano. É preciso classificar zoologicamente os atos de violência e transformá-los num circo.
Um negro, um gay e uma mulher foram agredidos e seus agressores foram presos pelo fato de a agressão ser crime? Isso não basta.
Faltou zoologizar, protestam as minorias: tem que prender não porque a agressão é contra a lei, mas porque o meliante ousou agredir espécimes de cativeiro da categoria Premium de sofrimento.
As minorias donas de zoológicos também vão apagando da memória da sociedade quem são os verdadeiros necessitados de proteção especial: os idosos, os doentes e as crianças.
Essas são as únicas três categorias realmente Premium, pois são incapazes de se defender dos adultos fortes, saudáveis e perigosos – uma categoria formada por brancos, negros, índios
mulheres e gays.
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Viktor Frankl na Disneilândia