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Quem Concorda com Hitler?

[…]

Daremos algumas citações e você pensará se é de Robin DiAngelo ou Hitler. (DiAngelo, caso você não saiba, é autor do livro best-seller do NYT, White Fragility [Fragilidade Branca])

1) Hitler disse: “Não tendo uma consciência de grupo, os judeus muitas vezes respondem defensivamente quando agrupados com outros judeus.”?
 Ou DiAngelo disse: “Não tendo uma consciência de grupo, os brancos geralmente respondem defensivamente quando agrupados com outros brancos.”? 

2) Hitler disse: “Judeus… aproximam-se dos trabalhadores para ganhar sua confiança, fingindo ter compaixão.”?

 Ou DiAngelo disse: “Brancos… se aproximam dos trabalhadores para ganhar sua confiança, fingindo ter compaixão.”?

[…] a primeira citação é de DiAngelo e a segunda é de Hitler. [..] um leitor astuto provavelmente saberia que Hitler provavelmente usaria a linguagem dos “trabalhadores” e DiAngelo provavelmente usaria a linguagem da “consciência de grupo”. A questão é que DiAngelo e Hitler estão defendendo uma abordagem que reduz o comportamento à participação em um grupo. Eles descrevem o comportamento de todos os brancos ou todos os judeus em termos altamente críticos e concluem que esta é a natureza da branquice ou do judaísmo. 

Sabemos, por décadas de pesquisa psicológica, que as pessoas têm preconceitos. Mas quais grupos na sociedade de hoje são mais prováveis ​​de serem alvo de expressões de atitudes preconceituosas? E quem tem mais probabilidade de expressá-los?

Decidimos examinar isso empiricamente. A concordância com a mesma declaração, seja ela antibranca, antinegra ou antijudaica, varia dependendo de qual grupo ela se refere? E a filiação política moderaria as atitudes?

Pegamos 3 citações reais antijudaicas de Adolf Hitler, 3 citações reais antibrancas de Robin DiAngelo e 3 citações reais antinegras de Stephen Douglas. (Douglas foi um político americano do século XX que debateu com Abraham Lincoln). Depois, criamos variações antijudaicas, antibrancas e antinegras de cada citação e as mostramos a 428 graduados ou estudantes universitários (72% brancos). Isso significa que 1/3 dos participantes viu a citação real textualmente, enquanto os outros 2/3 viram uma versão da citação que foi manipulada pela alteração do original (por exemplo, substituir “judeu” por “branco” ou “negro” ou qualquer outra combinação dos mesmos). […] Para cada citação, solicitiou-se aos participantes que imaginassem qual líder intelectual ou político pronunciara a declaração. Eles então indicaram se concordavam com a afirmação selecionando: “definitivamente não”, “provavelmente não”, “provavelmente sim” ou “definitivamente sim”. 

 Para 7 das 9 citações, a concordância diferiu de acordo com o grupo-alvo. Em cada um deles, a concordância foi maior na condição antibranca versus a condição antijudaica e antinegra.

[…]a concordância com Hitler e DiAngelo é muito maior na condição antibranca do que nas outras duas condições. 

[…]

Em certo sentido, nossos resultados não são novidade. Simplesmente observamos o que existe há milênios: as pessoas tratam alguns grupos preferencialmente a outros. […]

Afirmações abrangentes sobre todos os membros de certos grupos demográficos parecem estar aumentando em alguns círculos. Mas, a menos que você esteja sintonizado com um número relativamente pequeno de escritores heterodoxos como Bari Weiss ou Coleman Hughes, você raramente ouvirá alguém especular sobre o contra-factual (e.g. Bob disse que todos os brancos fazem x vs. Imagine se ele dissesse, em vez, que todos os negros fazem X).

Coleman Hughes: “Isso [policiais matando pessoas desarmadas] só é bombeado para a mídia quando é um negro, o que dá a falsa impressão de que isso só acontece com negros.” 

Na linguagem de Richard Dawkins, tribalismo e preconceito podem ser memes. Memes, nesse contexto, são ideias que “se propagam… pulando de cérebro em cérebro”. […] É fácil ver como lealdades tribais evoluiram evolucionariamente […], embora a descoberta de que uma amostra de maioria branca tinha sentimento anti-branco não pode ser atribuida a preferências endo-grupais. 55% dos estudantes universitários concordaram com pelo menos uma citação de Hitler aplicada aos brancos. Ainda assim, há um precedente histórico para as pessoas agirem negativamente em relação ao seu próprio grupo. Na Alemanha nazista, os Capos, que eram prisioneiros, mas também trabalhavam como guardas da SS, costumavam ser mais cruéis com seus companheiros de prisão (e frequentemente com outros judeus) do que os próprios nazistas. 

Esse tipo de tribalismo nunca parece ir bem. Por que esperaríamos que isso nos beneficiasse agora?

[…]

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Editorial

Colunista do Conselho Internacional de Psicanálise.

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