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Psicóloga contesta prescrição médica.

Trechos extraídos ou texto replicado na íntegra do site: Facebook de Marcelo Ferreira Caixeta.
Autoria do texto: Marcelo Ferreira Caixeta.
Data de Publicação: .
Leia a matéria na íntegra clicando aqui. Facebook de Marcelo Ferreira Caixeta
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O médico piauiense Eduardo Melo, Cirurgião Pediátrico, retirou sua própria vida depois do delegado X da PC Piauí ter aberto um processo criminal contra ele por erro médico – ele tentou puncionar uma veia no tórax de uma criança, procedimento muito difícil, e puncionou uma artéria. Como sempre o Governo, aqui no caso na figura da Polícia Civil ,a mídia e a população querem um culpado , mas livrando sempre os verdadeiros culpados . Alegam nesse caso que o médico não fez uma ultrassonografia para puncionar ,que não fez um raios-x de tórax, uma tomografia de pescoço, para ver o posicionamento do cateter etc. . Isto é, para eles se a criança estivesse no hospital de Harvard, a fatalidade não teria ocorrido; mas ela estava no Piauí e isso é culpa do médico. É culpa do médico que os Governos brasileiros Federal ,Municipal, Estadual, sugam da sociedade o dinheiro que poderia construir e manter hospitais de primeiro mundo (o Governo taxa tanto o setor que isso é impossível) ; é culpa do médico que políticos sugam do povo o dinheiro que poderia multiplicar a equipe de saúde por 10 ; é culpa do médico que o judiciário suga esse dinheiro e defenda um sistema ,SUS, que ele diz funcionar mas todos sabem que não funciona. É culpa do médico que jornalistas , promotores , pacientes, exijam que ninguém morra ninguém se seqüele, e ,se alguém morrer ou seqüelar, o médico e o hospital tem que ser processados, punidos, presos, multados, extorquidos, por não terem dado uma assistência de Harvard em pleno Piauí .Nós, médicos, por isso tudo seremos sempre os culpados e alguns – não são frios para suportar tanta pressāo – se matarão por causa disso. Sim ,porque não somos polícia, governo ,jornalista, altos funcionários do Estado, judiciário ,políticos , etc., que estão mais acostumados a lidar com psicopatas , lidar no mundo da psicopatia, no âmbito intrínseco do Estado.

[…]

Acho que não se deveria DIVULGAR inquérito sem antes ouvir um colegiado medico isento, no caso CRM

[…]

Está virando meio que “moda” o sistema juridico-policial julgar ou divulgar ou punir médicos sem que sua culpa fique provada pelo CRM

É isso que é perigoso hoje em dia, e as Entidades Médicas precisam estar atentas a isso

Defender os médicos inocentes

Evitar esse massacre.

Não sei como um juiz , delegado, possam fazer juízo de valor de uma área em que não entendem nada

Em casos não avaliados por outros médicos isentos , CRM p.ex.

Tem um colega psiq sendo processado em 2 milhões e meio de reais porque uma psicóloga, diretora de um Caps, disse que o remédio que ele passou estava errado.

Isso está virando um inferno na vida do médico

Todos nos acusam de erro medico

Sem ter a noção de que só um médico isento para julgar outro médico (do pto de vista tecnico cientifico)

Em muitos casos, publicamente.

Levando a gravíssimas conseqüências na mente dos acusados.

O que eu acho muito preocupante nisso tudo é fundamentalmente :

1. Eu já trabalhei em PS, já fiz punções de subclávia. É dificílimo, arriscadíssimo, as conseqüências gravíssimas. Vi algumas matérias sobre o caso, me parece que foi uma fatalidade mesmo.

2. Vamos pensar no seguinte : todo mundo que faz punção de subclávia – acesso central – tem de aprender algum dia, em alguém. Esse aprendizado é arriscadíssimo, dificílimo, ninguém sabe disso, só um médico.

3. O que vai acontecer quando a sociedade começar a cobrar de todo “erro” de punção de subclávia ? O que irão falar, juridicamente, policialmente, de médicos que “estão treinando matar os outros”? (sim, porque não dá para treinar isso em animais, o sistema arterial subclávio humano é sui-generis, único).

4. O que vai acontecer quando começarem – e isso já está acontecendo – exigir de todo médico, todo hospital, um padrão Harvard? Tipo : “quando vc começou a dar valproato para seu paciente, antes da hepatite tóxica que o matou, você pesquisou o gene 5HS HTP 135 de histocompatibilidade microssomal ? Você dirá : “não”… não temos isso aqui… Aí o juiz pergunta: “por que você não tem? É para diminuir custos ? É para você lucrar mais ?” . Resultado : se você não tem o exame ultragenético-estrutural do gene 5HS – HTP você vai ser “culpado” pelo sistema, pois não “ofereceu o que melhor havia para seu paciente”.

5. Por exemplo, no caso dessa menina , falecida na fatalidade : a. fez guiado por USG ? b. usou cateter americano ? c. fez Rx controle ? d. fez angiografia retrógada para ver sangramento ? e- médico cirurgião ficou na beira do leito por no mínimo 24 h? f- ficou na mão de residente ? g- ficou na mão de médico não-cirurgião pediátrico ? h – tinham recursos de cirurgia de cabeça e pescoço para abrir na hora e estancar a hemorragia ? etc., etc.

É claro que, num desses itens, o “médico”, o “hospital” irão ter “falhado”, ou seja, não tinham o padrão Harvard de qualidade …

Em qualquer lugar do mundo, que não seja Harvard, o médico, então, estaria sujeito a todas essas condenações…

Qualquer advogado, que fizer as perguntas certas, será capaz de colocar qualquer médico na cadeia, uma vez que , o juiz poderá julgar que o médico foi imperito, imprudente, negligente, mesmo passando por cima de um colegiado médico isento, que esteja dizendo o contrário (p.ex., CRM). Sim, um juiz pode , se quiser, não aceitar a perícia médica, o julgamento técnico-cientifico do CRM

Aí o que acontece ? Punição , condenação, difamação, do médico.

Como se defender, quem nos defende ?

Esse é o ponto fundamental de casos como esses, que vem ocorrendo à mancheias no Brasil de hoje. Isso já não é mais elucubração, isso são fatos que temos vivido hoje em dia…

Onde vamos parar ? Como nós, como médicos, como Entidades, podemos fazer face à isso ? Querer que nos transformemos em “deuses infalíveis e ricos” (tipo Harvard) não vale como resposta…

Imagem:

O Sapateiro,
por Antonio Rotta, 1882.
Art Renewal Center Museum

Editorial

Colunista do Conselho Internacional de Psicanálise.

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