Os índices de suicídio e tentativas só aumentam, o que mostra o fracasso de remédios e terapias.
É como se, em pediatria, o índice de mortalidade infantil só estivesse crescendo, ou seja, denotando um fracasso da medicina. Grande parte das psicoterapias estão erradas : ao invés de estimularem o paciente amar, trabalhar, doar-se, ficam “passando a mão na cabeça deles”, ouvindo suas queixas intermináveis, aumentando seu narcisismo, sua auto-estima, sua superioridade, seu sentimento de que “eu mereço isso”, “eu tenho meu valor”, “preciso me valorizar”, “tenho que me amar”, “se eu não me cuido, ninguém cuida de mim”, “tenho que fazer o que me dá prazer”. Os médicos que prescrevem medicamentos, então, esses estão mais por fora ainda, nem sabem o que o paciente faz ou pensa, e nem querem saber (“eu prescrevo, outro conversa”). Resumem-se a, como num balcão de farmácia, dar “antidepressivos para depressão”, falar para o paciente voltar em 3 meses (que é quando ele consegue pagar uma consulta), e aí aquela medicação “turbina o paciente” e dá uma energia ruim que ele transforma em suicídio. É claro que há honrosas exceções para tudo isso, e isso é apenas uma – dentre muitas – interpretações para explicar a falência dessa tal “saúde mental”. O pior é que nunca vi essa “sociedade do prazer” falando desses graves problemas, quanto mais propondo algo para resolvê-los.
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Marcelo Caixeta é médico (pela UFGo) e especialista em psiquiatria (pela Universidade de Paris-XI, Le Kremlin-Bicêtre).
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