Baronesa Deborah Bull. Imagem do seu site.
Por Ferdie Rous. Leia o artigo completo no The Critic.
Bailarina que ganhou o prêmio Laurence Olivier de Realização Mais Notável em Dança pediu que a a estigmatização do corpo fosse tratada como racismo e sexismo. Argumentou que estigmatizar a gordura aumenta a ansiedade com o peso e leva as pessoas a ganhar mais peso.
Contudo, diferentemente da raça e do gênero, a obesidade não é uma característica imutável. Mas essa verdade também está sendo silenciada. O ‘gene da gordura’ é uma ‘prova’ favorita, entre os ativistas, da impossibilidade de perda de peso.
Na internet, a perda de peso é insustentável e emocionalmente prejudicial – ou seja, não vale o esforço – mesmo que a transformação do ex-vice-líder trabalhista Tom Watson (ele perdeu oito stones* em um ano), de governante rotundo para o instrutor de ginástica esbelto, prove o contrário. Mas Watson é perdoado por contrariar a tendência, porque ele culpa o ‘Big Sugar’ – corporações más e publicitários – que tornam a comida tão irresistível que o público não consegue deixar de comê-la.
Todos os argumentos e estudos apresentados nos dizem que a obesidade não é nossa culpa, que os obesos são oprimidos de alguma maneira – seja pela sociedade ou por empresas sem rosto. Gramsci encontra a obesidade – ela é trágica e a única coisa que faz é punir os obesos. O objetivo é facilitar para os obesos, mas como? A ansiedade que sentem aumenta pelo sentimento de impotência que os políticos bien pensant estão lhes forçando goela abaixo.
Pior do que os políticos são os ativistas. Estes são os que, há dois anos, rejeitaram o estudo do Cancer Research UK (que citava a obesidade como a segunda maior causa de câncer depois do tabagismo) como propaganda gordofóbica. Ativistas e a indústria do entretenimento, que parecem ter se inclinado inexoravelmente à vontade dos políticos, deram voz à ideia de que você pode ser feliz e gordo. Não apenas você não deve tentar perder peso, mas deve ficar feliz por ser gordo, e por engordar!
My Big Fat Fabulous Life, um reality show sobre a vida de uma mulher de 27 pedras, Whitney Thore, catapultou a ideia de Orgulho Gordo para a mente do público como ninguém. Ao seguir a vida deste Whitney, dá a impressão de que as pessoas gordas podem ser ativas, felizes e bonitas.
Tendo sido morbidamente obeso, vejo o apelo. Você não é responsável e isso é libertador, embora apenas por um breve momento.
Por quinze anos, mais da metade da minha vida, fui gordo. Realmente gordo. Na pior das hipóteses, no ano passado, pesava 142 kg – 40 dos quais perdi por cortesia de longas caminhadas e muita dança escocesa.
Na escola foi difícil, é claro. Mas na universidade foi mais e eu não sofri bullying por lá. Coloquei três pedras no meu primeiro ano. Foi ótimo, pelo menos eu achava. Cada um estava feliz com sua própria aparência e ninguém julgava. Então, algo começou a me incomodar. Eu não estava tão feliz, embora eu ‘soubesse’ que não tinha nenhuma razão para não estar e me diziam isso com muita frequência. Era tortura.
Percebi que tinha que aceitar que estava no controle, não colocar a culpa em outro lugar. Só então eu comecei a emagrecer. Assumir a responsabilidade por minhas ações foi o que funcionou. É muito fácil dizer que você não tem controle sobre sua alimentação, mas quando você compra e come seu lanche favorito, não tem como ficar mais claro que isso não é verdade. Pior ainda é ouvir que você deve ser feliz e achar impossível fazê-lo.
O ativismo gordo e os políticos que lucram com ele pensam que estão sendo gentis ao eliminar a idéia de responsabilidade de quem eles professam ajudar. Na verdade, eles estão sendo excepcionalmente cruéis. Nós somos o país mais gordo da Europa Ocidental e isso nos custou caro. Está na hora de vermos que a prova está no pudim.
* unidade de peso, cada stone equivale a 6.350 kg