[…]
As raízes do niilismo contemporâneo não estão nas ideias falidas e nos fracassos catastróficos do marxismo, mas nos terroristas anarquistas russos e europeus do século XIX. Camus identificou Sergei Nechayev como o principal ideólogo do niilismo político. Em seu Catecismo de um Revolucionário, de 1869, Nechayev descreveu a revolução como o inimigo de toda ordem, moralidade e tradição, dedicada à “ciência da destruição”.
Embora se duvide que muitos dos desordeiros e saqueadores nos Estados Unidos tenham familiaridade com Nechayev ou qualquer coisa que não apareça em faixas de rap e videogames, eles são os tipos criminosos que constituíram o ideal niilista das criaturas que destruiriam a ordem social. Sabemos disso por seus ícones e pelos tipos de pessoas presas por atividades violentas.
Como os camisas marrons nazistas, eles acreditam que é “melhor ser criminoso do que burguês” e seguem o que Camus descreveu como a “ética da gangue”. Alguns de seus porta-vozes comemoram saques e assaltos como “reparações”.
Atrás dos Nechayevs estão aqueles como Chigalev de Dostoiévski: ostensivamente acreditando na igualdade absoluta, mas resignados a que ela só seja possível sob condições de “despotismo ilimitado”. O grande serviço de Camus foi demonstrar como um levava ao outro.
Parte da série Porque Deixei a Esquerda.
Leia o artigo completo em Camus: a Consciência da Esquerda Francesa.
Imagem:
Foto de Dave Killen, The Oregonian – AP