A imposição da loucura por meio das leis
Vou dizer o óbvio dos óbvios, mas em estilo shakespeariano: a pessoa tem o direito de dizer ser o que bem deseja, desde, é claro, que não cometa falsidade ideológica ou estelionato. Por exemplo, você pode dizer que é um leão aprisionado no corpo de um humano. Não creio que você deva ser preso ou perseguido por isso. É seu direito.
Porém, não é seu direito me obrigar a te chamar de “Rei das Selvas”. Você tem o direito aos seus distúrbios mentais e eu tenho o direito de não me render aos seus distúrbios mentais, ou de não me render a sua vontade de aparecer. Aliás, tenho até o direito de dizer que, se deseja aparecer, basta colocar uma melancia no pescoço e uma pena de avestruz no traseiro. E, se você insistir para eu crer na sua ficção, tenho o direito de sugerir que você seja jogado em uma savana cheia de leões famintos, para ver se você é leão de verdade.
O absurdo maior seria eu ser perseguido por ativistas judiciais e processado por discordar de você. Afinal, não estou impedindo você de se sentir um leão, apenas não quero participar da sua loucura. Porém, se você precisa da minha participação e da de outras pessoas para sua insanidade ganhar ares de sanidade (“Vejam, não sou o único a dizer que eu sou leão, muitas pessoas reconhecem que eu sou um leão”), então, você não é apenas um problemático que pensa ser o que não é, você é um fascista, ou seja, um totalitário que deseja subjugar os outros em nome de seus desejos e de seus planos.