O psicólogo social Jonathan Haidt e Greg Lukianoff, presidente e CEO da Foundation for Individual Rights in Education [Fundação para Direitos Individuais na Educação], descreveram um movimento peculiar nos campi universitários, que chamaram de “proteção vingativa”.
Haidt e Lukianoff citam a professora de direito de Harvard, Jeannie Suk, que escreveu no The New Yorker sobre estudantes de direito exigindo que seus professores nem mesmo ensinassem leis sobre estupro – e em um caso estranho até mesmo que se evitasse usar a palavra “violar” (como em “que viola a lei”) — porque pode causar sofrimento aos alunos. Essa cultura de reação exagerada está sendo institucionalizada, como demonstrado pelas demandas de renúncia dos mestres do Silliman College de Yale, Erika e Nicholas Christakis, por um e-mail supostamente insensível sobre fantasias de Halloween.
Como explicam Haidt e Lukianoff, “a afirmação de que as palavras de alguém são ‘ofensivas’ não é apenas uma expressão dos próprios sentimentos subjetivos de ofensa. É, antes, uma acusação pública de que o orador fez algo objetivamente errado.”
A ideia de “microagressões” – pequenas ações ou escolhas de palavras que parecem não ter intenção maliciosa, mas são vistas como um tipo de violência – distorce a ideia objetiva de ser “ofensivo”, transformando-a em uma acusação subjetiva em nome de alguém que alega estar ofendido. Alguns guias de campus denunciam como microagressão o próprio ato de perguntar a um americano asiático ou latino-americano “Onde você nasceu?” porque isso implica que essa pessoa não é um americano real.
Ross Douthat explicou essa transição:
Entre o século 19 e a década de 1950, a universidade americana foi gradualmente transformada de uma instituição destinada a transmitir conhecimento para uma instituição destinada a servir à tecnocracia. As fundações religiosas foram retiradas, os currículos clássicos substituídos por cursos especializados e os professores passaram da instrução para a pesquisa. Como resultado, a universidade perdeu “o senso tradicional de comunidade, missão e propósito moral.
Quando o “politicamente correto” surgiu na década de 1990, “as devoções de esquerda dominaram o discurso oficial, mas o espírito mais profundo da universidade permaneceu tecnocrático, carreirista e basicamente amoral”. […]
[…] os alunos universitários apresentam a moralidade distorcida da “proteção vingativa” como uma forma de preencher a lacuna moral na universidade. Eles atacam injustiças percebidas, mas com uma moralidade que perpetua a injustiça e destrói a liberdade de investigação.
Platão, Aristóteles e Santo Agostinho argumentaram que o objetivo da educação era desenvolver a consciência de um jovem, de modo que sua compreensão moral se ajustasse à realidade. Lewis explica:
O pequeno animal humano não terá, a princípio, as respostas certas. Deve ser treinado para sentir prazer, gosto, desgosto e ódio pelas coisas que realmente são agradáveis, prazerosas, repugnantes e odiosas.
Os desejos e paixões instintivos devem ser dominados pela razão e conhecimento da cabeça. A educação clássica procurava melhorar o coração: os sentimentos e paixões que põem o apetite em conformidade com a reta razão.
Lewis afirma que esse elemento espirituosoespiritual pode ser o que nos torna verdadeiramente humanos – “porque por seu intelecto ele é mero espírito e por seu apetite mero animal”.
A educação moderna, ao contrário, ensina os jovens a desmascarar a moralidade e seguir seu próprio curso. Elevam seus sentimentos de serem vitimizados e ofendidos em reivindicações de poder ilegítimo. Em vez de controlar seus sentimentos e usar suas mentes para entender o que os outros estão dizendo, eles afirmam que essas palavras são agressões e exigem desculpas. A moral abomina o vácuo e, se não se ensinar as crianças a descobrir o certo e o errado objetivamente, elas criarão seus próprios valores – e, na maioria das vezes, usarão esses valores para alcançar o poder.
Imagens:
“We deserve to feel safe”: autor desconhecido, no sites whagerup.wordpress.com e dirtywetdog.co.uk
Greg Lukianoff and Jonathan Haidt, autor desconhecido no site whagerup.wordpress.com.