por Gad Saad. Você pode ler seu artigo completo aqui.
Vários anos atrás, minha esposa e eu saímos para um jantar comemorativo com um de meus alunos de doutorado e uma amiga sua. A amiga em questão era uma pós-modernista comprometida e uma feminista acadêmica convicta. A certa altura do jantar, perguntei-lhe gentilmente se ela realmente acreditava no princípio fundacional pós-moderno de que não há verdades universais. O astuto leitor pode notar o problema lógico aqui, pois o último princípio é ele mesmo interpretado como uma verdade universal! Deixando de lado esse enigma embaraçoso, ela retrucou com total certeza que, na verdade, todo conhecimento é relativo. Certamente, respondi, deve haver algumas universais, caso contrário, a busca de verdades científicas é uma ilusão absoluta. Na esperança de ser mais concreto, sugeri lhe fornecer exemplos de valores universais e a seguir ela poderia me explicar como eu estava enganado.
Comecei com uma verdade bastante trivial, ou assim pensei. Perguntei-lhe se era uma verdade universal que, dentro da espécie humana, são apenas as mulheres que têm filhos. Certamente isso é um fato absoluto não? Depois de revirar os olhos em absoluto desgosto e dar algumas bufadas, ela respondeu que estava impressionada com o quão sexista fora meu exemplo. Nesse ponto, meu aluno de doutorado, minha esposa e eu ficamos realmente perplexos. A feminista explicou que na narrativa espiritual de um grupo particular de japoneses, são os homens que carregam as crianças! Assim, ao restringir propositalmente a gravidez ao reino físico / biológico, eu estava sendo sexista. Claro, no campo biológico, são as mulheres que dão à luz, mas na arena espiritual, é totalmente concebível que os homens sejam os portadores de filhos. Enquanto eu estava bem ciente do balbucio absurdo dos pós-modernistas, devo admitir que esse era um novo patamar de pensamento delirante. Eu me compus e decidi fornecer um exemplo adicional e final.
Eu comecei afirmando que talvez meu primeiro exemplo tivesse sido muito “controverso”, já que lidava com diferenças sexuais. Assim, eu daria um exemplo mais “inócuo” que talvez fosse mais fácil de digerir. Perguntei-lhe se era realmente uma verdade universal que, de qualquer ponto de vista na Terra, o sol nasce no Oriente e se põe no Ocidente. Certamente, desde tempos imemoriais, os marinheiros confiaram nesse fato cosmológico. Pare pra pensar um minuto sobre como ela poderia ter respondido neste caso. Aqui está uma sugestão: ela usou as ferramentas do desconstrucionismo para “separar” meu último valor universal. O desconstrucionismo argumenta que a realidade é uma criação linguística. Portanto, não há uma verdade objetiva sobre a qual se falar, pois toda informação é limitada dentro dos limites lingüísticos subjetivos. Ela propôs que eu estava colocando rótulos nas coisas, e ela se recusava a jogar esses jogos. Ela não sabia o que eu queria dizer com “leste” ou “oeste”. Isso eram rótuos arbitrários. O que eu queria dizer com “sol”? O que eu chamo de sol, ela poderia chamar de ‘hiena dançante” (palavras reais dela!), ao que eu repliquei sarcasticamente:
– OK, a hiena dançante levanta-se ao Leste e se põe ao Oeste. Melhor ainda, a hiena dançante me dá uma queimadura de hiena dançante na minha barriga gorda se eu ficar deitado demais sem nenhuma proteção para hiena dançante.
Se você acha que esse é um incidente isolado que não é representativo de pós-modernistas, feministas acadêmicas ou desconstrucionistas, você está errado. Esses movimentos anti-ciência passaram a maior parte das últimas quatro décadas poluindo as mentes não apenas de acadêmicos brilhantes, mas também de gerações de estudantes que ficaram impressionados com o obscurantismo e a falsa profundidade desses charlatões intelectuais. Os esforços conjuntos de vários cientistas exemplares conseguiram eviscerar lentamente a influência dos movimentos anti-ciência nos campi universitários. Por exemplo, o físico Alan Sokal apresentou um artigo pós- modernista, propositalmente sem sentido, contendo passagens geradas de forma pseudo-aleatória para o Social Text, uma das revistas de elite na área. Depois de ser aceito, Sokal confessou sua artimanha, embora isso não parecesse constranger os editores. Afinal de contas, desde que todo o significado é relativo, os editores construíram seu papel sem sentido gerado aleatoriamente como significativo!
Esses movimentos anti-ciência, juntamente com o relativismo cultural, o politicamente correto, e um ethos de culpa em relação a todas as realidades geopolíticas, provarão o fim da civilização ocidental. Foi tal balbuciação que levou quase todos os meios de comunicação norte-americanos a ofereceram explicações alucinatórias sobre a ocorrência da Times Square, de que o suposto terrorista fizera isso porque não tinha feito o pagamento da hipoteca e, portanto, enfrentava grande pressão financeira. Tanto a mídia quanto os funcionários de Obama estão sob um édito estrito para evitar expressar os fatos geopolíticos mais óbvios. Esses absurdos movimentos pseudo-intelectuais significarão o fim das democracias liberais se não forem erradicadas do discurso público.